Sobre as Lágrimas de Dor
Lágrimas transbordam a dor. E refletem o estado d'alma.
Uma jovem mulher que perde seu filho ainda criança as derrama de forma copiosa. Elas correm livres pela face lisa, umedecendo pescoço e colo se não impedidas. E assim se encontra a alma, inquieta, tentando inutilmente entender, lidar, conter a dor.
Mas se o mesmo ocorre com a mulher já na idade madura, não importando em que idade seu filho se tenha ido, repare que as lágrimas não correm a semelhança de pequenos leitos fluviais. Se acumulam nos sulcos dos olhos, como pequeninos lagos, para depois escorrerem em discretos filetes pelo canto da face. Correm tranquilas. Externam-se lenta e continuamente, como se seguissem o fluxo das lembranças, que vão escapulindo baixinho por entre os lábios. Essas mulheres não tentam conter a dor. Sabem que é inútil. Apenas a sentem, numa pungente tranquilidade. Serenamente como suas lágrimas que apenas umedecem os sulcos da face! E lá permanecerão a partir de então...
Que terceiro parágrafo maravilhoso! Nunca havia me tocado sobre a beleza do movimento das lágrimas. Parabéns!
ResponderExcluirObrigada!
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