sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Nem Tão Feminista Assim...

Nem Tão Feminista Assim...
Não me considero uma feminista convicta.  Acho legal a mulher não trabalhar para cuidar dos filhos. Eu mesma trabalho bem menos que o meu marido para dedicar mais tempo às crianças.  Consequentemente ganho bem menos.  Isso está longe de ser um problema para mim. Gosto de cozinhar para a família,  de fazer as compras de supermercado, de organizar a casa. Dou chilique por causa de barata, prefiro sempre não dirigir, não troco lâmpadas e não tenho a mais vaga idéia de como se conserta um chuveiro!  É claro que, seres humanos complexos que somos, ás vezes o homem prefere cozinhar e a mulher dirigir. Mas acredito que podemos fazer uma boa parceria aproveitando o potencial  de habilidades de cada gênero.
E fiquei indignada quando a nossa tradicional mídia, mais especificamente o Jornal Hoje em Dia,  rotulou de feministas as mulheres que ergueram suas vozes para protestar contra o desfile das camisas oficiais do Clube Atlético Mineiro. Mulheres que amam futebol e se indignaram com o conteúdo do desfile. Protestar contra a objetização da mulher e contra a sexização do futebol, longe de ser questão de feminismo, trata-se de respeitar não apenas a mulher, mas todas as pessoas que amam o futebol pelo esporte admirável que é. Como se não bastasse, um repórter esportivo desse mesmo jornal,  de nome Alexandre Simões, se aventurou a comentar a manchete em um programa de rádio de BH.  Esse brilhante profissional afirmou categoricamente que o desfile foi "apenas mais um ato de machismo do futebol" , já que, segundo ele, as mulheres que protestaram são as mesmas que chamam os torcedores adversários de "Maria",  "frangas",  ou que  "chamam o goleiro de bicha". Pior do que a fragilidade do argumento é a mentalidade medieval de senso comum. O comum é aceitável, normal, ainda que moralmente inadequado! Palavra da nossa mídia.
A mesma mídia que se calou mediante à atitude de truculência da diretoria da escola de samba paulista Unidos do Peruche para com a empresária Juliana Isen. Conhecida como "a musa do Impeachment" por protestar nua, Juliana desfilava  pela escola e decidiu se despir, o que segundo ela, seria uma forma de protesto pacífico. Sem entrar aqui no mérito feminista da questão,  se ela teria ou não o direito de expor seus seios, ou se ela não teria o direito de "prejudicar a escola",  certamente como cidadã,  ela tem o direito  de não ser atirada no asfalto. Já é de se lamentar  que se atire um ser humano no asfalto. Mas é estarrecedor ver uma mulher sendo atirada no asfalto pelo diretor da escola de samba! E que os grandes veículos de comunicação não toquem no assunto! Mas qual o interesse de denunciar a violência contra a mulher em pleno Carnaval?
Em se tratando da nossa mídia, fico na dúvida se o pior é quando ela se cala ou quando se manifesta!

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