sábado, 31 de dezembro de 2016

DESEJO DE ANO NOVO

Chegando ao supermercado para as tradicionais compras de última hora para o Revellion, me deparei com uma cena que me fez palpitar.
Em pleno século XXI, vi escravos. Escravos que carregavam pedras embaixo do sol escaldante do meio dia.
A visão dos funcionários empurrando enormes filas de carrinhos, com seus troncos encurvados para otimizar a força, gotas de suor marejadas das frontes e as faces resignadas embaixo do sol,  me remeteu de imediato à cena que imaginei lendo a obra de Saramago,  "Memorial do Convento", na qual escravos carregavam pedras maciças para a construção da Cadetral.
Ou quando, ainda criança,  eu visitava uma igreja na cidade de Sabará, quando alguém mencionou que a tal igreja, feita de pedra, havia sido construída por escravos. Olhei com os olhos arregalados para as pedras gigantescas do adro, imaginando os pobres negros carregando aquilo. Ainda me lembro da minha mãe sussurrando: "Que maldade!"


Dessa forma, não posso deixar de desejar que no próximo ano, cada brasileiro possa devolver seu próprio carrinho de supermercado,  para que outros brasileiros possam, não apenas no último dia do ano, mas em cada dia de cada ano, executar tarefas mais dignas de seres humanos!