sábado, 27 de fevereiro de 2016

Sobre as Lágrimas de Dor

Sobre as Lágrimas de Dor
Lágrimas  transbordam a dor. E refletem  o estado d'alma.
Uma jovem mulher que perde seu filho ainda criança as derrama de forma copiosa. Elas correm livres pela face lisa, umedecendo pescoço e colo se não impedidas. E assim se encontra a alma, inquieta, tentando inutilmente entender, lidar, conter a dor.
Mas se o mesmo ocorre com a mulher já na idade madura, não importando em que idade seu filho se tenha ido, repare que as lágrimas não correm a semelhança de pequenos leitos fluviais. Se acumulam nos sulcos dos olhos,  como pequeninos lagos, para depois escorrerem em discretos filetes pelo canto da face. Correm tranquilas. Externam-se lenta e continuamente,  como se seguissem o fluxo das lembranças, que vão escapulindo baixinho por entre os lábios.  Essas mulheres não tentam conter a dor. Sabem que é inútil. Apenas a sentem, numa pungente tranquilidade. Serenamente  como suas lágrimas que apenas umedecem os sulcos da face! E lá permanecerão a partir de então...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A Fonte da Juventude de Jagger

A Fonte da Juventude de Jagger
Tendo a grata oportunidade de testemunhar  uma magnífica apresentação dos Rolling Stones,  impossível não se impressionar sobretudo com a resistência física  desses  senhores de mais de sete décadas de idade. Todos em ótima forma,  mas é difícil convencer a mente  de que aquele Mick Jagger que os olhos enxergam no palco nasceu em 1943. Movimentando-se quase freneticamente durante todo o show, cantava sem ofegar, mesmo após as suas famosas corridinhas pelo palco. Manteve sua exibição  performática,  com  movimentos extravagantes  e  flexibilidade de dar inveja aos jovens de 20 anos, presentes em grande número naquela noite no Maracanã.  Me perguntei  de  qual  fonte da juventude Mr Jagger andaria bebendo!
Em uma biografia não autorizada, Philip Norman afirma que Mick Jagger jamais se viciou em drogas. Herdou da mãe esteticista o gosto pela aparência, e do pai, educador físico, a disciplina britânica aplicada também aos filhos. Talvez tenha sido  essa a fórmula de  manter uma banda durante 50 anos! Mas ainda não seria a fórmula da juventude. É preciso mais que disciplina para perpetuar tanta energia.  Concluo que o segredo da vitalidade de Jagger encontra-se dentro dele. Motivação. É o que nos move, a todos.  É o que leva bilionários septuagenários percorrerem o mundo em uma pesadíssima agenda de shows. É o que levou Eddie Vedder não apenas aos shows, mas à doação do seu cachê. A questão não é quanto se vai ganhar. É quanto de satisfação seu espírito alcançará. Foi o que faltou a Michael Jackson, que se aventurou a voltar aos palcos pela necessidade financeira. Não foi capaz.

Não é a toa que os empresários buscam “motivar” seus funcionários para aumentar a produção. Eis aí o grande segredo, revelado pela análise cuidadosa dos fatos.  Descubramos o que nos motiva. O que somos capazes de fazer apenas pela satisfação íntima, sem nenhum outro móvel que não a alegria! Bebamos dessa fonte diariamente, e sejamos forever youngs! Do you wanna be?

Relexões sobre um Embrulho de Natal

Reflexões sobre um embrulho de Natal

Crise, correria, muito trabalho, meta de redução do consumismo... decidido então que apenas as crianças receberiam presentes nesse Natal. Talvez, seguindo a tradição francesa,  os adultos recebam presentes de Ano Novo. Talvez. E na convicção de evitar toda e qualquer confusão que viesse atrapalhar o verdadeiro espírito de Natal, comprei os brinquedos pela Internet. O que foi emocionante, pois cada vez que tocava o interfone os adultos da casa se mobilizavam para receber a suposta encomenda sem que os pequenos curiosos percebessem o que se passava!
Então, tudo resolvido! E na semana do Natal me dei conta de que era preciso embrulhar os presentes! Compro sacos de presente às pressas e aproveitando um oportuno cochilo  começo a colocar rapidamente cada brinquedo em seu devido saco. Mas calculei mal o tamanho do brinquedo do Bernardo!  Não coube no saco. Enquanto improvisava um embrulho com retalhos de papel de presente pensei: - Coitado do menino! Espera pelo presente por meses e ganha num embrulho tão improvisado!
Mas antes que a culpa inerente  à maternidade me assolasse comecei a pensar porque não tinha embrulhado esses brinquedos antes! Porque enquanto eles estão na escola eu trabalho. Pego os dois na escola e passo as tardes com eles. Levei em todas as consultas médicas e em  todas as vacinas. Acompanhei todos os atendimentos de fonoaudiologia. Levei à natação religiosamente duas vezes por semana, e quando estou lá dentro da piscina na aulinha dos bebês é tão gostoso que até esqueço aquele "soninho" do pós plantão! Brinquei de esconde esconde, pique amoeba, futebol, fiz massinha. Sei o conteúdo de todos os desenhos que eles assistem, inclusive os nomes dos personagens. Debatemos assuntos polêmicos sobre os personagens de caráter duvidoso( Alviiiiiiim!).  Refletimos sobre a morte e sobre valores (Operação Big Hiro).
 Pensando bem, era quase um milagre que aquele presente estivesse ali comprado e ainda por cima em segredo. Conclui que mesmo se não estivesse, não teria nenhuma importância. Desejei que no próximo ano continuemos assim! Muita presença!  Presente se possível. Amor o tempo todo!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

CumuruDelícia

Cumurxatiba!
Poucos já ouviram falar desse lugarzinho absolutamente delicioso, escondidinho lá no sul da Bahia!
Caminhando ao longo da Praia do Rio do Peixe, ninguém dúvida que a gente tem o privilégio de habitar o país mais lindo do mundo! Mar de um lado, rio de outro.  Uns passos a frente  e eles se encontram! Vegetação à beira mar, que de repente dá lugar a uma falésia!  O céu absolutamente azul, o mar absolutamente verde... até se encontrar com o rio e dar lugar a uma tonalidade ímpar! É como se a paisagem se alegrasse em nos surpreender a cada momento! Tão generosamente que se pode nadar no mar, com a maré mais alta, ou caminhar ao longo dele na maré baixa.
60 km à frente... Corumbau, que a gente chega de carro, bicicleta  (para poucos) ou barco (para quem gosta). Quem vai por terra consegue conhecer o Monte Pascoal por vários ângulos! Ponta de Corumbau, na verdade, já que uma imensa ponta de areia adentra o mar e deslumbra a visão!
E como se come bem em "Cumuru"! Alta culinária à beira mar!
As acomodações são no geral sem luxo, mas  confortáveis e aconchegantes, e com ótimo custo-benefício. As pousadas à beira mar contam com áreas externas arborizadas, em continuidade com a praia!
Tudo tão gostoso que a gente nem sente falta da Internet,  já que o sinal nem sempre está disponível!
Pena que o Brasil, tão rico na sua beleza natural, ainda nos deixa entristecer com as questões sociais. Impossível não se indignar com a condição de miséria e desamparo dos índios que residem em taperas  ao longo das estradinhas que cortam a região! Lamentável que a crescente estrutura turística não favoreça os verdadeiros habitantes locais! Mas parece que os moradores da região já iniciam uma mobilização no sentido de direcionar os escassos recursos públicos no sentido de oferecer aos índios condições mais dignas de vida!
Para descansar, refletir, filosofar, papear, fotografar, pedalar, se encantar, ou se acabar brincando com as crianças... CumuruDelícia!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

PORQUE É SENSACIONAL PASSAR O REVEILLON COM AS CRIANÇAS

Porque é sensacional passar o Réveillon com as crianças:
Elas arrancam as roupinhas encrementadas em 15 minutos de festa e pulam peladas na piscina. 
Quando ouvem os fogos o menorzinho levanta os bracinhos e grita:- GOL! Os maiorzinhos perguntam: -  Gol do Galo? Ou do Cruzeiro? 
Você coloca o espumante no balde de gelo e depois se dá conta de que o espumante está quente porque os pestinhas comeram todo o gelo!
O que bomba na noite é brincar de estátua ao som de Palavra Cantada.
Eles escolhem com qual pijama querem entrar o ano: Peppa! Homem Aranha! Astronauta!
Na hora dos fogos da virada  ficam pulando e gritando com as mãos nos ouvidos, esperando ansiosos o próximo estouro! 
A noite só termina porque os adultos exaustos informam que a farra acabou!
Por um 2016 com muito mais crianças no mundo!

Divertidamente Psicanalítico

Divertidamente Psicanalítico
Como me identifiquei com essa surpreendente animação! Eu, a personificação da Alegria, sempre tentando espantar a Tristeza, mantê-la bem longe de mim e dos que estão à minha volta!
 E lá estava a Alegria, no comando da sala de controle, zelando pelo bem estar da mente! Isola a Tristeza em um círculo de giz, tentando  impedí-la a todo custo de tocar nas lembranças.  Mas a  Tristeza  não se convence a ficar inativa. Insiste em sair do círculo de giz,  em tocar nas lembranças,  em participar da vida! Quanta inconveniência!  É certo que precisamos da Raiva para nos motivar, o Medo é importante para nos proteger, até o Nojo tem  a sua função de nos alertar. Mas a Tristeza... a que se presta? Só atrapalha!
E na batalha pelas lembranças,  Alegria e Tristeza acabam sugadas da sala de controle e são jogadas em algum outro canto da mente, o subconsciente talvez.Tudo se desestabiliza. Chego a torcer para que a Tristeza caia no buraco negro do esquecimento! E não é que a própria Alegria decide  abandoná - la? Mas na sua tentativa impensada de retornar sem sua companheira, ela própria  cai no buraco do esquecimento. E lá,  sozinha e... quem diria... triste, descobre afinal a importância da Tristeza!
Sem a Tristeza não há reflexão.  Não podemos olhar bem lá dentro de nós sem um quê de melancolia. A Tristeza é necessária para que os ciclos se fechem. A transição entre um fim e um início gera o crescimento espiritual, moral, psíquico... o termo importa pouco! Importa que evoluímos.  Mas não sem a oportuna intervenção da Tristeza.
É claro que não se deve perpetuá-la.  É necessário fechar o ciclo, viver o luto daquilo que se está deixando para trás, e encerrá-lo.  Mas não é preciso afastá-la com tanta determinação, tampouco tentar ignorá -la.
O equilíbrio de alegrias e tristezas constroem a Felicidade.
Os amigos psicólogos devem estar "rindo alto" dessa minha brilhante descoberta! Mas precisei viver 40 anos (e assistir Divertidamente)  para enxergar o óbvio!
Espero viver meus próximos anos com menos Alegria e mais Felicidade!

Nem Tão Feminista Assim...

Nem Tão Feminista Assim...
Não me considero uma feminista convicta.  Acho legal a mulher não trabalhar para cuidar dos filhos. Eu mesma trabalho bem menos que o meu marido para dedicar mais tempo às crianças.  Consequentemente ganho bem menos.  Isso está longe de ser um problema para mim. Gosto de cozinhar para a família,  de fazer as compras de supermercado, de organizar a casa. Dou chilique por causa de barata, prefiro sempre não dirigir, não troco lâmpadas e não tenho a mais vaga idéia de como se conserta um chuveiro!  É claro que, seres humanos complexos que somos, ás vezes o homem prefere cozinhar e a mulher dirigir. Mas acredito que podemos fazer uma boa parceria aproveitando o potencial  de habilidades de cada gênero.
E fiquei indignada quando a nossa tradicional mídia, mais especificamente o Jornal Hoje em Dia,  rotulou de feministas as mulheres que ergueram suas vozes para protestar contra o desfile das camisas oficiais do Clube Atlético Mineiro. Mulheres que amam futebol e se indignaram com o conteúdo do desfile. Protestar contra a objetização da mulher e contra a sexização do futebol, longe de ser questão de feminismo, trata-se de respeitar não apenas a mulher, mas todas as pessoas que amam o futebol pelo esporte admirável que é. Como se não bastasse, um repórter esportivo desse mesmo jornal,  de nome Alexandre Simões, se aventurou a comentar a manchete em um programa de rádio de BH.  Esse brilhante profissional afirmou categoricamente que o desfile foi "apenas mais um ato de machismo do futebol" , já que, segundo ele, as mulheres que protestaram são as mesmas que chamam os torcedores adversários de "Maria",  "frangas",  ou que  "chamam o goleiro de bicha". Pior do que a fragilidade do argumento é a mentalidade medieval de senso comum. O comum é aceitável, normal, ainda que moralmente inadequado! Palavra da nossa mídia.
A mesma mídia que se calou mediante à atitude de truculência da diretoria da escola de samba paulista Unidos do Peruche para com a empresária Juliana Isen. Conhecida como "a musa do Impeachment" por protestar nua, Juliana desfilava  pela escola e decidiu se despir, o que segundo ela, seria uma forma de protesto pacífico. Sem entrar aqui no mérito feminista da questão,  se ela teria ou não o direito de expor seus seios, ou se ela não teria o direito de "prejudicar a escola",  certamente como cidadã,  ela tem o direito  de não ser atirada no asfalto. Já é de se lamentar  que se atire um ser humano no asfalto. Mas é estarrecedor ver uma mulher sendo atirada no asfalto pelo diretor da escola de samba! E que os grandes veículos de comunicação não toquem no assunto! Mas qual o interesse de denunciar a violência contra a mulher em pleno Carnaval?
Em se tratando da nossa mídia, fico na dúvida se o pior é quando ela se cala ou quando se manifesta!