QUEM GANHA COM AS ABSTENÇÕES?
Eleições
Municipais.
Momento importante de eleger
representantes que terão papel fundamental na nossa rotina. Momento de eleger
aqueles que mais diretamente cuidam da nossa casa.
São as primeiras eleições que ocorrem após
o golpe político no Brasil, e por isso mesmo acontecem em um clima nada
favorável. Clima de desalento, testificado pelo altíssimo número de votos
brancos, nulos e absenteísmo às urnas.
Mas quem efetivamente ganha com as
abstenções?
Ganha quem vota. O grupo que vai às urnas garante
seu direito à representabilidade
Tomemos por exemplo o que ocorreu na
cidade de São Paulo. Existem jornalistas afirmando que “o povo votou em João
Dória”.
Será? João Dória teve 3 milhões e sessenta
mil votos. Votos brancos, nulos e abstenções somaram 3 milhões e noventa mil.
Na verdade, o povo não votou. Abriu mão
do seu direito de escolher um representante. Mas o grupo que João Dória representa
foi às urnas e garantiu sua representabilidade.
Para ser eleito o candidado precisa de ter
50%+1 dos votos válidos. Não importa se o número de abstenções for maior. Os
votos válidos definem a eleição.
Representantes são eleitos através de uma
combinação favorável de popularidade x rejeição. Geralmente aqueles que são
eleitos combinam alta popularidade com baixa rejeição. Mas mesmo candidatos
muito populares, podem não ser eleitos devido aos altos índices de rejeição por
parte de um grupo. Dessa forma, se nenhum candidato te representa, vote naquele
que você rejeita menos. Também é uma forma de se fazer representar.
Por exemplo, rejeito fortemente candidatos
que tendem a governar baseados em preceitos religiosos. Não tenho nada contra religião
alguma, mas o governante tem que governar para todos. Esse é o objetivo do
Estado ser laico.
O governante não pode tratar o aborto como
pecado, e sim como questão de saúde pública. Por outro lado, não deve tratar as
questões de gênero como doença, e sim trabalhar pela inclusão. Assim por
diante. Rejeitando então fortemente candidatos que têm a religião como fator de evidência, voto no
outro. Ainda que esse outro não me represente plenamente, tem aspectos que me
desagradam menos.
O alto índice de abstenções elege um governo sem representatividade real.
Não devemos abrir mão desse instrumento
democrático tão precisoso. Até porque, nem sabemos até quando ele existirá no
nosso país cuja Democracia ainda é tão frágil, e se encontra de fato ameaçada.
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