sábado, 15 de outubro de 2016

QUEM GANHA COM AS ABSTENÇÕES?


QUEM GANHA COM AS ABSTENÇÕES?

Eleições Municipais.
Momento importante de eleger representantes que terão papel fundamental na nossa rotina. Momento de eleger aqueles que mais diretamente cuidam da nossa casa.
São as primeiras eleições que ocorrem após o golpe político no Brasil, e por isso mesmo acontecem em um clima nada favorável. Clima de desalento, testificado pelo altíssimo número de votos brancos, nulos e absenteísmo às urnas.
Mas quem efetivamente ganha com as abstenções?
Ganha quem vota. O grupo que vai às urnas garante seu direito à representabilidade
Tomemos por exemplo o que ocorreu na cidade de São Paulo. Existem jornalistas afirmando que “o povo votou em João Dória”.
Será? João Dória teve 3 milhões e sessenta mil votos. Votos brancos, nulos e abstenções somaram 3 milhões e noventa mil. Na verdade, o povo não votou. Abriu mão do seu direito de escolher um representante. Mas o grupo que João Dória representa foi às urnas e garantiu sua representabilidade.
Para ser eleito o candidado precisa de ter 50%+1 dos votos válidos. Não importa se o número de abstenções for maior. Os votos válidos definem a eleição.
Representantes são eleitos através de uma combinação favorável de popularidade x rejeição. Geralmente aqueles que são eleitos combinam alta popularidade com baixa rejeição. Mas mesmo candidatos muito populares, podem não ser eleitos devido aos altos índices de rejeição por parte de um grupo. Dessa forma, se nenhum candidato te representa, vote naquele que você rejeita menos. Também é uma forma de se fazer representar.
Por exemplo, rejeito fortemente candidatos que tendem a governar baseados em preceitos religiosos. Não tenho nada contra religião alguma, mas o governante tem que governar para todos. Esse é o objetivo do Estado ser laico.
O governante não pode tratar o aborto como pecado, e sim como questão de saúde pública. Por outro lado, não deve tratar as questões de gênero como doença, e sim trabalhar pela inclusão. Assim por diante. Rejeitando então fortemente candidatos que têm a  religião como fator de evidência, voto no outro. Ainda que esse outro não me represente plenamente, tem aspectos que me desagradam menos.
O alto índice de abstenções elege um governo sem representatividade real.

Não devemos abrir mão desse instrumento democrático tão precisoso. Até porque, nem sabemos até quando ele existirá no nosso país cuja Democracia ainda é tão frágil, e se encontra de fato ameaçada.

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